Prof. Dr. Eduardo Granja Coutinho
Ementa: O ciclo teve como objetivo apresentar, em linhas gerais, a teoria política gramsciana, discutindo suas categorias mais significativas, como as de hegemonia, sociedade civil, intelectual orgânico, bloco histórico, revolução passiva e cultura nacional-popular.
Programa: Com base nos livros “Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político”, de Carlos Nelson Coutinho, e “Velhas histórias, memórias futuras”, de Eduardo G.Coutinho, as discussões foram referenciadas a textos do próprio filósofo italiano. Leia mais.
1a. aula - Gramsci e a tradição marxista
No primeiro encontro do ciclo foram trabalhados os capítulos 1, 2, 3 e 4 do livro “Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político”, de Carlos Nelson Coutinho. Nesse primeiro contato com o pensamento gramsciano, foram apresentadas as idéias gerais do filósofo italiano.
Além dessa apresentação de idéias, foi discutido o contexto histórico em que Gramsci viveu e desenvolveu sua obra e seu pensamento, percebendo-se as suas influências e a sua trajetória como pessoa e como profissional. Nesse sentido, mostrou-se as idéias sociais, políticas e econômicas sobre o mundo em que vivia, especialmente a respeito do seu país natal, a Itália.
2a. aula - O conceito de hegemonia em Gramsci
No segundo encontro do ciclo foi trabalhado o capítulo 5 do livro “Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político”, de Carlos Nelson Coutinho. Nesse momento, começa-se a perceber mais claramente os questionamentos aos “Cadernos do Cárcere”.
Neste capítulo, intitulado “Teoria Ampliada do Estado”, discutiu-se o conceito de “sociedade civil” e de hegemonia, entre outros. Em decorrência da análise desses conceitos, Eduardo Coutinho considera tal capítulo como o mais importante do livro.
Para Gramsci, a “sociedade civil” realiza a mediação entre as esferas do ser social, constituindo-se, portanto, como uma esfera autônoma do Estado de coerção. A “sociedade civil” faz parte do Estado, mas é também nela onde as classes dominadas lutam por espaço.
Gramsci supera dialeticamente a teoria marxista-leninista do Estado. Para ele, o Estado representa a soma da sociedade civil (consenso, hegemonia) com a sociedade política (coerção). Para Marx e Lênin, todo Estado é um Estado de classe. Gramsci parte dessa idéia para desenvolver a TEORIA AMPLIADA DO ESTADO, isto é, para tentar compreender as características do Estado nas sociedades ocidentais, que não se reduz apenas aos aparelhos repressivos. Ao lado desses, surgem aparelhos privados de hegemonia.
Uma questão central dos “Cadernos do Cárcere”, discutida na reunião foi: Por que não ocorreu a revolução socialista nas sociedades ocidentais, principalmente na Inglaterra, que era o local onde Marx dizia que ia ocorrer, e que tinha o capitalismo mais desenvolvido?
A resposta obtida foi que a referida revolução não aconteceu porque tal fato só vai ocorrer quando as classes subalternas forem conquistando, aos poucos, posições importantes próximas do poder. É uma luta gradual no âmbito da sociedade civil.
3a. aula - A universalidade de Gramsci
Na terceira reunião, utilizou-se como referência os capítulos 6, 7 e 8 do livro de Carlos Nelson Coutinho. No capítulo 6, “A estratégia socialista no ‘Ocidente’”, trabalhou-se, de forma geral, com os conceitos de guerra de movimento e guerra de posição, sendo também discutida a “democracia progressiva” de Togliatti. Nesse conceito de “democracia progressiva”, Togliatti propõe a idéia de vários partidos.
No capítulo 7, foi tratada a questão do partido como “intelectual coletivo”, sendo que a teoria do partido político da classe operária ocupa um papel de destaque na estruturação dos “Cadernos do Cárcere”.
Nesse capítulo, percebe-se também a existência de, segundo Gramsci, dois tipos de intelectuais: o “intelectual orgânico”, que tem como função dar homogeneidade e consciência a uma classe social; e o “intelectual tradicional”, que foi no passado intelectual orgânico de uma classe, mas, com o desaparecimento da mesma, forma uma camada autônoma.
Gramsci afirma que é preciso criar condições subjetivas para a tomada do poder. Nesse sentido, o intelectual tem a função de organização da cultura.
No capítulo 8, tratou-se de um tema central e importante: a universalidade de Gramsci. Sobre essa questão, ressalta-se o caráter universal que, segundo Carlos Nelson Coutinho, permeia o pensamento de Gramsci. Sua universalidade se dá no fato de que sua teoria serve como ponto de partida para tentativas contemporâneas de renovação da teoria marxista.
Em termos gerais, discutiu-se também, nessa terceira reunião, a noção de crise da hegemonia: as crises já não se manifestam apenas como crises econômicas. Gramsci refere-se ao conceito de crise orgânica significa uma desagregação no velho bloco histórico.
4a. aula - Gramsci e a cultura popular brasileira
No quarto e último encontro do ciclo foi discutido os livros “Velhas histórias, memórias futuras”, de Eduardo Granja Coutinho e “O príncipe eletrônico”, de Otávio Ianni, realizando-se uma relação entre o pensamento gramsciano e a cultura popular brasileira.
Da obra de Eduardo Coutinho discutiu-se basicamente o primeiro capítulo, intitulado “Tradições e Tradicionalismo”, mostrando as diferenças entre esses dois conceitos.
O livro, baseado nas idéias de Gramsci, aborda, nesse capítulo, a tradição como algo positivo, que se renova, trazendo elementos novos e significativos para o contexto e a composição da tradição. Já o tradicionalismo é visto por uma ótica eminentemente negativa, preso ao passado, que não cria nada de interessante e de válido, mas apenas legitima, dessa forma, os valores da ideologia dominante.
Nesse contexto, insere-se o cantor e compositor Paulinho da Viola, objeto de estudo principal do livro. Paulinho é percebido como representante da tradição viva, que traz elementos novos e questionadores dessa hegemonia vigente. Dentro dessa perspectiva, a cultura popular brasileira pode ser pensada a partir das idéias de Gramsci.
A respeito do livro de Ianni, é discutido o papel da mídia como o novo “príncipe” de Maquiavel, que seria o “príncipe eletrônico”, com a sua função de informar e de formar opiniões, interferindo na constituição das idéias das pessoas e ratificando o poder dominante na sociedade civil.
Bibliografia básica
1) COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
2) COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras: o sentido da tradição na obra de Paulinho da Viola. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002.
No primeiro encontro do ciclo foram trabalhados os capítulos 1, 2, 3 e 4 do livro “Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político”, de Carlos Nelson Coutinho. Nesse primeiro contato com o pensamento gramsciano, foram apresentadas as idéias gerais do filósofo italiano.
Além dessa apresentação de idéias, foi discutido o contexto histórico em que Gramsci viveu e desenvolveu sua obra e seu pensamento, percebendo-se as suas influências e a sua trajetória como pessoa e como profissional. Nesse sentido, mostrou-se as idéias sociais, políticas e econômicas sobre o mundo em que vivia, especialmente a respeito do seu país natal, a Itália.
2a. aula - O conceito de hegemonia em Gramsci
No segundo encontro do ciclo foi trabalhado o capítulo 5 do livro “Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político”, de Carlos Nelson Coutinho. Nesse momento, começa-se a perceber mais claramente os questionamentos aos “Cadernos do Cárcere”.
Neste capítulo, intitulado “Teoria Ampliada do Estado”, discutiu-se o conceito de “sociedade civil” e de hegemonia, entre outros. Em decorrência da análise desses conceitos, Eduardo Coutinho considera tal capítulo como o mais importante do livro.
Para Gramsci, a “sociedade civil” realiza a mediação entre as esferas do ser social, constituindo-se, portanto, como uma esfera autônoma do Estado de coerção. A “sociedade civil” faz parte do Estado, mas é também nela onde as classes dominadas lutam por espaço.
Gramsci supera dialeticamente a teoria marxista-leninista do Estado. Para ele, o Estado representa a soma da sociedade civil (consenso, hegemonia) com a sociedade política (coerção). Para Marx e Lênin, todo Estado é um Estado de classe. Gramsci parte dessa idéia para desenvolver a TEORIA AMPLIADA DO ESTADO, isto é, para tentar compreender as características do Estado nas sociedades ocidentais, que não se reduz apenas aos aparelhos repressivos. Ao lado desses, surgem aparelhos privados de hegemonia.
Uma questão central dos “Cadernos do Cárcere”, discutida na reunião foi: Por que não ocorreu a revolução socialista nas sociedades ocidentais, principalmente na Inglaterra, que era o local onde Marx dizia que ia ocorrer, e que tinha o capitalismo mais desenvolvido?
A resposta obtida foi que a referida revolução não aconteceu porque tal fato só vai ocorrer quando as classes subalternas forem conquistando, aos poucos, posições importantes próximas do poder. É uma luta gradual no âmbito da sociedade civil.
3a. aula - A universalidade de Gramsci
Na terceira reunião, utilizou-se como referência os capítulos 6, 7 e 8 do livro de Carlos Nelson Coutinho. No capítulo 6, “A estratégia socialista no ‘Ocidente’”, trabalhou-se, de forma geral, com os conceitos de guerra de movimento e guerra de posição, sendo também discutida a “democracia progressiva” de Togliatti. Nesse conceito de “democracia progressiva”, Togliatti propõe a idéia de vários partidos.
No capítulo 7, foi tratada a questão do partido como “intelectual coletivo”, sendo que a teoria do partido político da classe operária ocupa um papel de destaque na estruturação dos “Cadernos do Cárcere”.
Nesse capítulo, percebe-se também a existência de, segundo Gramsci, dois tipos de intelectuais: o “intelectual orgânico”, que tem como função dar homogeneidade e consciência a uma classe social; e o “intelectual tradicional”, que foi no passado intelectual orgânico de uma classe, mas, com o desaparecimento da mesma, forma uma camada autônoma.
Gramsci afirma que é preciso criar condições subjetivas para a tomada do poder. Nesse sentido, o intelectual tem a função de organização da cultura.
No capítulo 8, tratou-se de um tema central e importante: a universalidade de Gramsci. Sobre essa questão, ressalta-se o caráter universal que, segundo Carlos Nelson Coutinho, permeia o pensamento de Gramsci. Sua universalidade se dá no fato de que sua teoria serve como ponto de partida para tentativas contemporâneas de renovação da teoria marxista.
Em termos gerais, discutiu-se também, nessa terceira reunião, a noção de crise da hegemonia: as crises já não se manifestam apenas como crises econômicas. Gramsci refere-se ao conceito de crise orgânica significa uma desagregação no velho bloco histórico.
4a. aula - Gramsci e a cultura popular brasileira
No quarto e último encontro do ciclo foi discutido os livros “Velhas histórias, memórias futuras”, de Eduardo Granja Coutinho e “O príncipe eletrônico”, de Otávio Ianni, realizando-se uma relação entre o pensamento gramsciano e a cultura popular brasileira.
Da obra de Eduardo Coutinho discutiu-se basicamente o primeiro capítulo, intitulado “Tradições e Tradicionalismo”, mostrando as diferenças entre esses dois conceitos.
O livro, baseado nas idéias de Gramsci, aborda, nesse capítulo, a tradição como algo positivo, que se renova, trazendo elementos novos e significativos para o contexto e a composição da tradição. Já o tradicionalismo é visto por uma ótica eminentemente negativa, preso ao passado, que não cria nada de interessante e de válido, mas apenas legitima, dessa forma, os valores da ideologia dominante.
Nesse contexto, insere-se o cantor e compositor Paulinho da Viola, objeto de estudo principal do livro. Paulinho é percebido como representante da tradição viva, que traz elementos novos e questionadores dessa hegemonia vigente. Dentro dessa perspectiva, a cultura popular brasileira pode ser pensada a partir das idéias de Gramsci.
A respeito do livro de Ianni, é discutido o papel da mídia como o novo “príncipe” de Maquiavel, que seria o “príncipe eletrônico”, com a sua função de informar e de formar opiniões, interferindo na constituição das idéias das pessoas e ratificando o poder dominante na sociedade civil.
Bibliografia básica
1) COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci: um estudo sobre seu pensamento político. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
2) COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras: o sentido da tradição na obra de Paulinho da Viola. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário